
5 pets da lista de animais silvestres permitidos pelo IBAMA
Ter um animal silvestre como pet pode parecer incomum à primeira vista, mas essa prática tem se tornado cada vez mais frequente entre tutores que se interessam por espécies exóticas, comportamento animal ou mesmo por um vínculo mais próximo com a fauna brasileira. No entanto, adotar ou comprar um animal silvestre não é como adquirir um cão ou gato. Requer comprometimento com o bem-estar do animal, conhecimento técnico, infraestrutura adequada e, acima de tudo, respeito à legislação ambiental, escolhendo animais silvestres permitidos pelo IBAMA.
Pois sim, a criação legal de animais silvestres no Brasil é cuidadosamente regulamentada pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que autoriza apenas determinadas espécies e estabelece critérios rígidos para a comercialização e a guarda. Esses critérios têm como objetivo proteger a biodiversidade, combater o tráfico de animais e garantir que os pets recebam os cuidados de que precisam para viver com saúde e segurança.
Neste artigo, você vai conhecer 5 animais silvestres permitidos pelo IBAMA e entender, com mais profundidade, como funciona o processo de regulamentação, quais são as exigências legais e os desafios de criar esses animais com responsabilidade.
O que são animais silvestres permitidos pelo IBAMA e por que isso importa?
Animais silvestres são aqueles que pertencem à fauna nativa brasileira ou à fauna exótica, mas que ainda conservam características de vida livre e não passaram pelo longo processo de domesticação. Diferentemente dos animais domésticos, como cães e gatos, eles mantêm instintos naturais, comportamentos territoriais e exigências ambientais específicas para sobreviver em cativeiro.
O IBAMA reconhece que algumas espécies podem ser criadas em ambiente doméstico, desde que atendam a critérios ecológicos, sanitários e éticos. Essas espécies são listadas em normativas específicas — como a Instrução Normativa IBAMA nº 169/2008 — e só podem ser adquiridas de criadouros comerciais legalizados. Esses estabelecimentos precisam seguir protocolos rigorosos de reprodução, manejo e bem-estar animal.
A regulamentação existe para reduzir os impactos ambientais, evitar a captura ilegal de animais na natureza e permitir que a fauna silvestre seja conservada com responsabilidade. Criar um animal silvestre fora dessas condições não é apenas arriscado — é crime ambiental, conforme previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998).
Como funciona a regulamentação e o monitoramento do IBAMA?
Para garantir que a criação de animais silvestres ocorra dentro da legalidade, o IBAMA estabelece um sistema de controle que envolve desde o registro dos criadouros até o rastreamento individual de cada animal comercializado. Todo animal silvestre legal deve vir com:
- Certificado de origem legal;
- Nota fiscal;
- Número de microchip para identificação;
- Informações sobre a espécie e a genética, quando aplicável.
Esses documentos comprovam que o animal nasceu em cativeiro autorizado e não foi retirado ilegalmente da natureza. A fiscalização ocorre por meio do Sistema de Controle e Monitoramento da Atividade de Criação Amadora de Passeriformes (SisPass) e do Sistema Nacional de Gestão da Fauna Silvestre (SisFauna), que integram dados sobre criadores, vendedores e tutores.
Além disso, o IBAMA realiza operações em campo para combater o tráfico e o comércio ilegal. De acordo com dados da ONG Renctas (2020), cerca de 38 milhões de animais silvestres são retirados da natureza por ano no Brasil, e mais de 90% morrem antes de chegar ao destino final. Isso reforça a importância de adquirir animais apenas de fontes confiáveis e regularizadas.
Ter um animal legalizado não é apenas uma escolha consciente — é uma contribuição direta para a preservação da biodiversidade e para o combate ao comércio ilegal de fauna.
5 Animais silvestres permitidos pelo IBAMA
1. Jiboia (Boa constrictor)
Apesar do medo que algumas pessoas sentem, a jiboia é um dos répteis mais tranquilos e fascinantes que podem ser criados legalmente no Brasil. Originária das Américas, essa serpente não peçonhenta pode chegar a medir entre 1,5 m e 4 m, dependendo da subespécie e da alimentação.
No ambiente doméstico, a jiboia precisa de um terrário grande, bem ventilado e com controle térmico. Como animais ectotérmicos, dependem do ambiente externo para regular a temperatura corporal. Por isso, o terrário deve manter temperatura entre 26 °C e 32 °C, além de umidade adequada (entre 60% e 80%).
A alimentação é composta por roedores, que podem ser oferecidos congelados e descongelados. Com uma frequência de alimentação quinzenal ou mensal, a jiboia é um animal de manutenção relativamente simples, desde que se respeite suas necessidades ambientais.
Ainda assim, o manejo incorreto pode gerar estresse, infecções respiratórias e problemas digestivos. Segundo o Manual de Medicina de Animais Silvestres da Anclivepa-SP (2021), a assistência veterinária especializada é essencial para prevenção de doenças respiratórias, comuns em serpentes criadas em ambientes com baixa umidade.
>> Saiba mais sobre a criação de serpentes nesse artigo!
2. Furão (Mustela putorius furo)
Pequeno, curioso e extremamente ativo, o furão é um mamífero carismático que vem conquistando tutores por todo o país. Originalmente domesticado a partir de espécies europeias, o furão se adapta bem ao convívio humano, mas exige atenção e espaço para se exercitar.
Por serem muito brincalhões e inteligentes, precisam de enriquecimento ambiental e interação constante. Embora pequenos, podem causar estragos em móveis e fios elétricos quando ficam fora de supervisão.
No quesito saúde, o furão exige cuidados semelhantes aos de cães e gatos: vacinação, vermifugação e alimentação balanceada. Para isso, priorize rações específicas que você encontra em lojas especializadas.
Além disso, são animais suscetíveis a doenças hormonais, como a doença adrenal, linfomas e cardiopatias. Um estudo da Universidade de Illinois (2018) destaca a incidência de doenças neoplásicas em furões adultos, especialmente quando não esterilizados precocemente. Dessa forma, visitas regulares ao veterinário especializado em silvestres são indispensáveis para a saúde desses pequenos exploradores.
3. Iguana-verde (Iguana iguana)
Com aparência pré-histórica e comportamento tranquilo, a iguana-verde é um dos répteis mais criados legalmente no Brasil. De acordo com pesquisadores da Universidade de São Paulo, ela pode viver até 20 anos quando bem cuidada.
Contudo, a criação exige um compromisso com infraestrutura e alimentação. Isso porque a iguana necessita de um terrário amplo, com galhos para escalar e exposição direta à luz UVB, fundamental para metabolizar cálcio e evitar doenças ósseas.
Sua dieta é exclusivamente herbívora. Portanto, frutas, verduras escuras e legumes devem compor seu cardápio diário. Jamais ofereça proteína animal — isso pode causar danos hepáticos e renais, conforme aponta o Guia de Nutrição de Répteis da ABRAVAS (Associação Brasileira de Veterinários de Animais Silvestres, 2020).
Ainda que dócil na maioria das vezes, a iguana pode demonstrar agressividade territorial, especialmente na época de reprodução. Portanto, o manuseio deve ser sempre cuidadoso, respeitando o bem-estar do animal.
4. Sagui (Callithrix spp.)
Pequenino, ágil e com olhar expressivo, o sagui é um primata nativo da Mata Atlântica que está entre os animais silvestres permitidos pelo IBAMA. No entanto, é também um dos que mais exige cuidados especializados.
Os saguis vivem em grupos na natureza, são extremamente sociáveis. Portanto, criá-los isoladamente pode causar distúrbios comportamentais. Além disso, são animais de alta inteligência e necessitam de estímulos mentais diários.
A dieta dos saguis deve incluir frutas, vegetais, insetos e, em alguns casos, ração especial para primatas. Ademais, a carência de vitamina D, por exemplo, é comum em cativeiro, exigindo suplementação. Um estudo publicado no Journal of Zoo and Wildlife Medicine (2016) identificou que 70% dos saguis mantidos sem luz solar direta desenvolvem sinais de raquitismo.
Do ponto de vista clínico, o sagui pode apresentar doenças metabólicas e hormonais, além de parasitoses comuns em ambientes urbanos. Assim, o acompanhamento com veterinário especializado é imprescindível.
5. Cacatua (Cacatua galerita)
Com sua impressionante crista e personalidade carismática, a cacatua é uma ave exótica que encanta pela inteligência e capacidade de vocalização. Algumas espécies podem viver mais de 60 anos — ou seja, é um compromisso para a vida toda.
A cacatua precisa de um viveiro espaçoso, com brinquedos, poleiros e estímulos variados. São aves que sofrem muito com o tédio e podem desenvolver comportamentos autodestrutivos, como arrancar penas.
Além disso, a alimentação deve ser balanceada entre sementes, frutas, vegetais e extrusados específicos. Evite oferecer alimentos processados ou com açúcar. Isso porque, estudos da Associação Americana de Veterinários de Aves (AAV, 2022) apontam que a dieta inadequada é uma das principais causas de doenças hepáticas em psitacídeos.
No que se refere à saúde, a cacatua exige acompanhamento com veterinário especialista em aves. Doenças respiratórias, fúngicas e deficiências nutricionais são comuns, especialmente em aves mal adaptadas ao cativeiro.
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Animais silvestres permitidos pelo IBAMA podem ser companheiros incríveis, desde que criados com responsabilidade, conhecimento e amor. Embora encantadores, eles não são “pets convencionais” e isso exige preparo do tutor e acompanhamento constante com profissionais especializados.
Aqui na SOS Peludos, nossa equipe multidisciplinar está pronta para atender animais silvestres com o cuidado que eles merecem. Se você já tem ou está pensando em ter um animal silvestre legalizado, entre em contato com a SOS Peludos. Cuidar da saúde do seu pet é a nossa missão.