
Cachorro vomitando: o que fazer?
Você chega em casa e encontra seu cão com a cabeça baixa, recusando comida, com aquele olhar triste que só quem é tutor de pet conhece. De repente, ele vomita. O susto é inevitável. Será que é algo grave? Espera ou corre para a clínica? Esse tipo de dúvida é comum e compreensível — afinal, o cachorro vomitando é um sintoma que pode indicar desde algo leve até problemas sérios de saúde.
Neste artigo, vamos te ajudar a entender por que o cachorro vomita, o que significa cada tipo de vômito, quando se preocupar e o que fazer para ajudar seu pet da melhor forma possível. Com linguagem acessível, embasamento científico e foco na saúde animal, este conteúdo foi preparado com carinho e responsabilidade pela equipe da SOS Peludos, clínica veterinária 24h especializada em pequenos animais e silvestres.
Vamos te explicar tudo o que você precisa saber quando o assunto é o seu cachorro vomitando.
O que é o vômito em cães e por que ele acontece?
O vômito é um reflexo fisiológico complexo que envolve contrações abdominais, náusea e expulsão forçada do conteúdo estomacal. Ele é controlado por uma região específica do cérebro chamada “centro do vômito”, localizada no bulbo raquidiano. Quando esse centro é estimulado — seja por toxinas, inflamações, movimentos gastrointestinais anormais ou estímulos nervosos — o cão pode apresentar episódios de vômito.
Entretanto, o vômito é, na verdade, um sintoma, não uma doença em si. Isso quer dizer que ele pode estar relacionado a inúmeras causas: desde algo simples, como comer rápido demais, até condições como gastrite, infecção intestinal, doenças hepáticas, pancreatite, presença de corpos estranhos ou intoxicação.
A Universidade de Cornell, referência em medicina veterinária, explica que os vômitos podem ser classificados em agudos (quando surgem de forma repentina) ou crônicos (quando se repetem por dias ou semanas) — e essa diferença ajuda muito na avaliação clínica do veterinário (Cornell Veterinary Medicine, 2021).
É vômito mesmo ou pode ser regurgitação?
Antes de tomar qualquer decisão, é importante identificar se o que você viu foi realmente um vômito. Existe uma confusão muito comum entre vômito e regurgitação, mas eles são bem diferentes.
A regurgitação acontece de forma passiva, sem esforço abdominal, e geralmente envolve a eliminação de comida ou líquido pouco digerido que nem chegou ao estômago. É como se o alimento voltasse do esôfago sem aviso. Já o vômito é precedido de náusea, salivação excessiva, contrações do abdômen e, muitas vezes, mudança de comportamento.
Essa diferença é fundamental porque o vômito tem relação direta com problemas gástricos e intestinais, enquanto a regurgitação pode apontar distúrbios no esôfago ou até problemas neurológicos.
O que significa cada tipo de vômito?
A aparência do vômito pode ajudar muito na hora de identificar o problema. A cor, a consistência e o conteúdo são pistas valiosas para o veterinário — e também para o tutor.
Por exemplo, quando observamos um cachorro vomitando amarelo, o que está sendo expelido é a bile. Essa substância amarelada é produzida no fígado e armazenada na vesícula biliar. Normalmente, ela é liberada no intestino para ajudar na digestão de gorduras, mas pode retornar ao estômago em casos de jejum prolongado, refluxo ou gastrite. É comum observar esse tipo de vômito logo pela manhã, quando o cão ficou muitas horas sem comer.
Já o vômito com espuma branca costuma estar associado à presença de muco e ar. Isso pode ocorrer em casos de estômago irritado, refluxo, gastrite leve, ou até ansiedade. Em raças braquicefálicas, como o pug ou o bulldog francês, é comum após esforço ou agitação, especialmente em dias quentes.
Mais preocupante é quando o tutor percebe o cachorro vomitando sangue. Esse tipo de vômito pode ter uma coloração avermelhada ou aspecto escuro, parecido com borra de café — o que indica sangue digerido. As causas vão desde úlceras gástricas até intoxicações graves, tumores ou perfurações no sistema gastrointestinal. Nesses casos, o atendimento veterinário deve ser imediato, sem hesitação.
Por fim, se o cão está vomitando ração logo após comer, pode ser que esteja se alimentando muito rápido, sem mastigar. Essa pressa pode causar distensão do estômago e levar ao vômito. Também pode indicar intolerância à ração ou algum problema digestivo mais sério, como megaesôfago ou esofagite. Nestes casos, uma alternativa útil é o uso de comedouros lentos, que obrigam o cão a comer mais devagar.
Quando se preocupar com o vômito do seu cão?
Nem todo vômito é sinal de algo grave, mas é importante saber reconhecer os sinais de alerta. Um episódio isolado, especialmente se o cão está ativo, comendo bem e sem outros sintomas, pode ser apenas uma reação pontual. Por outro lado, alguns sinais exigem atenção imediata:
- Vômitos persistentes por mais de 12 horas
- Presença de sangue ou material escuro
- Cão muito apático, com febre ou diarreia
- Recusa total de água e comida
- Sinais de dor abdominal (choramingos, abdômen duro, respiração ofegante)
- Vômito acompanhado de distensão abdominal (em casos de torção gástrica, por exemplo)
De acordo com o Textbook of Veterinary Internal Medicine (Ettinger & Feldman, 2017), a persistência dos sintomas por mais de 24h pode indicar necessidade de internação e exames complementares, como ultrassonografia abdominal, hemograma e testes de função hepática e renal.
O que fazer em casa ao ver seu cachorro vomitando?
Diante de um episódio isolado de vômito, algumas atitudes simples podem ajudar — desde que o animal esteja com bom estado geral e sem sinais de dor, febre ou sangue.
O ideal é suspender a comida e a água por 6 horas, permitindo que o trato digestivo descanse. Após esse período, ofereça pequenas quantidades de água filtrada ou água de coco natural, em colheradas. Se o animal aceitar bem, pode-se iniciar uma dieta leve e temporária: arroz branco cozido com peito de frango desfiado, sem sal ou temperos.
Caso o vômito volte, ou o animal demonstre fraqueza, o ideal é interromper qualquer tentativa de alimentação e trazer seu peludo para atendimento imediatamente. É essencial lembrar que não se deve administrar nenhum medicamento sem prescrição veterinária, especialmente antieméticos humanos, que podem intoxicar o pet.
Como evitar que seu cão vomite?
Evitar o vômito passa por uma boa rotina alimentar e cuidados básicos diários. Fracionar a alimentação em duas ou três porções por dia ajuda a evitar jejum prolongado e refluxo. Estimular o pet a comer devagar — com uso de brinquedos interativos ou comedouros lentos — também pode reduzir episódios relacionados à ingestão rápida.
Manter a vermifugação e as vacinas em dia, evitar que o cão tenha acesso a lixo, plantas tóxicas, brinquedos pequenos ou produtos de limpeza são cuidados fundamentais. Além disso, oferecer uma ração de boa qualidade, compatível com a idade e o porte do animal, reduz o risco de intolerâncias e inflamações gastrointestinais.
Segundo as Diretrizes Nutricionais da WSAVA (2020), o fornecimento de uma dieta balanceada, com boa digestibilidade e sem ingredientes alergênicos, é uma das estratégias mais eficazes para reduzir distúrbios gastrointestinais em cães adultos.
O vômito em cães é um daqueles sinais que ninguém quer ver, mas que todos os tutores precisam aprender a interpretar. Saber diferenciar um episódio leve de uma situação crítica pode evitar complicações graves e garantir o bem-estar do seu pet.
Na SOS Peludos, nossa equipe está disponível 24 horas para oferecer atendimento completo, exames, diagnóstico e tratamento para quadros de vômito, diarreia, intoxicações e outras emergências. Contar com um time especializado faz toda a diferença nos momentos em que seu pet mais precisa.
Se você perceber seu cachorro vomitando e tiver dúvidas sobre a gravidade da situação, entre em contato com a gente. Vamos cuidar do seu peludo com todo o carinho e atenção que ele merece.
Fonte:
- Ettinger SJ, Feldman EC. Textbook of Veterinary Internal Medicine, 8ª ed. Elsevier, 2017.
- Cornell University College of Veterinary Medicine. “Vomiting in dogs and cats”, 2021.
- WSAVA Global Nutrition Committee. “Global Nutrition Guidelines”, 2020.