Imagine a cena: você chega em casa, e o seu gato que costuma correr para te receber, está quieto, encolhido em um canto. As orelhas e a cabeça parecem mais quentes, os olhos estão semicerrados e ele recusa até o sachê favorito. A primeira reação pode ser pensar que ele está apenas cansado. Mas, muitas vezes, esse comportamento é um alerta silencioso: seu gato com febre.

A febre em felinos é um mecanismo biológico complexo, ativado pelo corpo quando ele detecta que algo está errado. Pode ser consequência de uma simples inflamação ou sinal de uma doença grave que requer tratamento imediato.
Neste artigo, vamos explicar o que é a febre em gatos, quais são os sinais mais comuns, qual a temperatura normal e a partir de quanto ela é preocupante, se a febre de gato passa sozinha e, principalmente, o que fazer se seu gatinho estiver com febre.

 

O que é a febre em gatos?

 

A febre é definida como um aumento anormal da temperatura corporal, provocado por um “ajuste” no centro de controle térmico localizado no hipotálamo. Quando o corpo do gato detecta invasores como vírus, bactérias, fungos ou mesmo células alteradas (como no câncer), ele libera substâncias chamadas pirógenos. Essas moléculas “avisam” o hipotálamo para elevar a temperatura com o objetivo de criar um ambiente menos favorável à sobrevivência dos agentes nocivos.

Um estudo publicado no Journal of Feline Medicine and Surgery (2015) explica que a febre é um mecanismo adaptativo e protetor. Então, ao aumentar a temperatura, o metabolismo acelera, a circulação sanguínea é direcionada para áreas de defesa e a atividade de células do sistema imunológico é potencializada. Ou seja: a febre é parte da batalha que o corpo trava contra uma ameaça.

Porém, embora seja útil no combate a doenças, uma febre alta e prolongada pode sobrecarregar órgãos e levar a desidratação, arritmias e até convulsões, riscos que tornam o acompanhamento veterinário essencial.

 

Febre em gatos: temperatura normal e quando se preocupar

 

Para saber se um gato está realmente febril, é preciso entender qual é a temperatura normal da espécie. De acordo com a American Veterinary Medical Association (AVMA), um gato saudável apresenta temperatura retal entre 38,0°C e 39,2°C.
Portanto, quando ela ultrapassa 39,3°C, é classificada como febre. Acima de 40,5°C, o quadro já é considerado hipertermia grave, e a vida do animal pode estar em risco.

A medição deve ser feita, preferencialmente, com termômetro digital inserido no reto, que oferece maior precisão. Métodos como toque nas orelhas, focinho ou barriga podem indicar calor, mas não substituem a aferição correta feita por um profissional

Entretanto, vale ressaltar que fatores não patológicos também podem elevar temporariamente a temperatura, como estresse, calor intenso ou esforço físico. Por isso, o diagnóstico de febre deve sempre considerar o contexto e os demais sintomas.

 

Sintomas de gato com febre

 

Embora a medição da temperatura seja o método mais confiável, os sintomas de gato com febre podem ser percebidos pelo tutor atento:

• Letargia e prostração: O gato se mostra mais quieto, dorme mais que o normal e evita brincadeiras.
• Perda de apetite: A febre afeta o metabolismo e o apetite, levando o animal a recusar comida.
• Desidratação: Língua e gengivas mais secas, pele com menor elasticidade.
• Respiração acelerada: A febre aumenta a demanda de oxigênio no corpo.
• Tremores ou calafrios: Sinal de que o corpo está tentando gerar mais calor.
• Olhos semicerrados e expressão abatida: Um dos primeiros indícios percebidos pelo tutor.
• Pelagem sem brilho: Muitas vezes, o gato com febre não se lambe com a mesma frequência, deixando o pelo opaco.

Ademais, um ponto importante é que os gatos são mestres em esconder dor ou desconforto. Por isso, alterações sutis de comportamento, como evitar contato ou se isolar, já devem servir de alerta.

 

Por que meu gato pode ter febre?

 

A febre em felinos tem múltiplas causas, e identificar a origem é fundamental para tratar o problema de forma eficaz. Segundo a Cornell University College of Veterinary Medicine, as causas mais comuns incluem:

1. Infecções bacterianas: Abscessos (frequentes após brigas), infecções urinárias, otites e pneumonias podem gerar febre. Nesses casos, a febre é a resposta do organismo para tentar eliminar a bactéria invasora.
2. Infecções virais: Doenças como rinotraqueíte felina, calicivirose e FIV (Vírus da Imunodeficiência Felina) provocam febre como parte da resposta inflamatória. Além disso, é importante saber que filhotes e gatos sem vacinação são mais vulneráveis.
3. Infecções fúngicas: A esporotricose, transmitida pelo fungo Sporothrix schenckii, é uma das mais conhecidas. Além de feridas na pele, pode causar febre persistente.
4. Doenças inflamatórias crônicas: Pancreatite e doença inflamatória intestinal (DII) estão entre as condições não infecciosas que podem causar febre recorrente.
5. Neoplasias (câncer): Alguns tumores, como linfomas, provocam febre devido à produção de substâncias inflamatórias pelo próprio tumor.
6. Traumas e lesões: Ferimentos internos ou externos também podem desencadear o aumento da temperatura como parte do processo de cicatrização.

 

Febre de gato passa sozinha?

 

Muitos tutores se perguntam se a febre pode desaparecer sem tratamento. Em alguns casos leves, como pequenas inflamações ou respostas imunológicas rápidas, a temperatura pode normalizar sozinha. Porém, essa melhora espontânea não é garantia de recuperação. Afinal, a febre é apenas um sintoma, e a causa subjacente pode continuar evoluindo silenciosamente.

O Merck Veterinary Manual reforça que febres acima de 40°C ou que durem mais de 48 horas precisam ser investigadas com urgência. Isso porque ignorar o sintoma pode atrasar o diagnóstico de doenças graves, como infecções sistêmicas ou câncer.

 

Gatinho com febre: o que fazer

 

Se você suspeita que seu gato está com febre, siga estas orientações práticas:

• Garanta um ambiente calmo e confortável: O estresse pode agravar o quadro.
• Estimule a ingestão de líquidos: Água fresca ou caldo de frango sem sal ajudam a evitar a desidratação.
• Evite automedicação: Medicamentos humanos, como paracetamol e ibuprofeno, são tóxicos para gatos e podem ser fatais.
• Traga para atendimento veterinário rápido: Apenas o veterinário pode diagnosticar a causa da febre e prescrever o tratamento correto.

 

Diagnóstico e tratamento da febre felina

 

No consultório, o veterinário fará:

• Exame físico completo: Inclui palpação abdominal, ausculta cardíaca e pulmonar.
• Exames laboratoriais: Hemograma, bioquímicos e exames específicos para detectar infecções ou inflamações.
• Exames de imagem: Radiografias ou ultrassonografias, se houver suspeita de alterações internas.

O tratamento depende diretamente da causa diagnosticada e pode incluir:

• Antibióticos específicos para infecções bacterianas.
• Antivirais e terapia de suporte em casos virais.
• Antifúngicos para infecções por fungos.
• Anti-inflamatórios seguros para uso felino.
• Fluidoterapia (hidratação intravenosa) para casos de desidratação grave.
• Procedimentos cirúrgicos, quando necessário.

 

Prevenção: como reduzir o risco de febre nos gatos

 

Nem sempre é possível evitar a febre, mas algumas medidas reduzem significativamente o risco:

• Manter o protocolo de vacinação em dia.
• Evitar que o gato tenha acesso livre à rua.
• Realizar consultas preventivas periódicas.
• Oferecer alimentação balanceada e água de qualidade.
• Por fim, observar e registrar mudanças sutis no comportamento.

Esses cuidados fortalecem a imunidade e permitem identificar problemas antes que evoluam.

Ter um gato com febre é algo que deve acender o sinal de atenção para qualquer tutor. Embora, em alguns casos, ela possa desaparecer espontaneamente, na maioria das vezes, a febre é um sintoma de algo que exige diagnóstico rápido.

Na SOS Peludos, contamos com atendimento veterinário 24 horas, pronto para avaliar e cuidar do seu gatinho com tecnologia, conhecimento e carinho. Portanto, ao perceber qualquer sinal de febre, não hesite: procure ajuda profissional. A saúde e o bem-estar do seu pet agradecem.