deMuitos tutores já se viram diante da seguinte situação: o pote de ração cheio, intacto, e o cachorro olhando com pouco interesse. Então surge a dúvida: o que misturar na ração para o cachorro comer sem prejudicar a saúde? Esse é um questionamento cada vez mais comum, principalmente porque os tutores desejam ver seus pets bem nutridos, mas também felizes durante as refeições.

No entanto, é preciso cuidado. As escolhas erradas podem trazer riscos sérios, desde obesidade até intoxicações. Por outro lado, existem alternativas seguras e nutritivas que podem ser utilizadas para estimular o apetite e variar o cardápio do seu peludo. Mas entender como equilibrar esses pontos é essencial para quem deseja proporcionar qualidade de vida ao pet.

 

A importância da ração super premium como base da dieta

 

Antes de pensar em qualquer complemento, é fundamental entender que a ração super premium deve ser a base da dieta. Esses alimentos são desenvolvidos com alto padrão de qualidade, maior digestibilidade e nutrientes balanceados. De acordo com a World Small Animal Veterinary Association (WSAVA, 2022), uma ração completa já contém proteínas, carboidratos, gorduras, fibras, vitaminas e minerais na medida ideal para atender às necessidades diárias do cão.

Além disso, estudos mostram que cães alimentados com rações de qualidade têm mais saúde, longevidade e energia (Case et al., 2011 – Canine and Feline Nutrition). Portanto, o que for adicionado deve respeitar o limite de até 10% das calorias diárias. Esse equilíbrio evita deficiências nutricionais, desequilíbrio energético e doenças como obesidade e pancreatite.

 

Mix feeding: vantagens, desvantagens e a importância do acompanhamento

 

O mix feeding, também chamado de alimentação mista, consiste em combinar a ração seca com outros alimentos úmidos, como sachês específicos para cães, carnes magras cozidas ou vegetais. Essa prática tem se tornado popular entre tutores que buscam tornar a refeição mais saborosa.

Entre as vantagens do mix feeding estão o aumento da palatabilidade, a melhora na ingestão de água (já que alimentos úmidos contribuem com hidratação) e a variedade de texturas e aromas, que pode estimular cães seletivos ou idosos. Outro ponto positivo é que a dieta se torna mais prazerosa, reduzindo recusas alimentares.

Porém, existem desvantagens. Por exemplo, se o tutor não souber equilibrar corretamente, pode acabar oferecendo calorias em excesso. Além disso, algumas misturas inadequadas podem provocar deficiências nutricionais, problemas gastrointestinais e até predispor doenças.

Ademais, é importante reforçar que o mix feeding não é saudável para todos os cães. Animais com obesidade, doenças renais, hepáticas ou pancreáticas precisam de acompanhamento individualizado. Por isso, essa prática deve sempre ser avaliada e prescrita por um veterinário nutricionista, que orientará quais combinações são seguras e em quais quantidades.

 

O que misturar na ração para o cachorro comer: opções seguras

 

Quando a dúvida é o que misturar na ração para o cachorro comer, existem ingredientes seguros que podem ser adicionados para deixar a refeição mais atrativa. No entanto, é essencial que se ofereça sem temperos, sal, óleo ou condimentos, ok?

 

Ovo cozido

 

O ovo é uma proteína de altíssimo valor biológico. Ele contém aminoácidos essenciais e vitaminas como a biotina, que contribuem para a saúde da pele e do pelo. Porém, o cozimento é indispensável para eliminar riscos de contaminação. Além disso, ofereça em pequenas quantidades, algumas vezes na semana.

 

Iogurte natural sem açúcar

 

O iogurte natural pode ser fonte de probióticos, que auxiliam na saúde intestinal, além de fornecer cálcio. No entanto, ofereça em pequenas quantidades, pois alguns cães podem apresentar intolerância à lactose, resultando em diarreia ou gases.

 

Proteínas magras

 

Frango, peru e peixes são opções ricas em proteínas de fácil digestibilidade. Quando preparados sem tempero e cozidos, podem estimular o apetite e enriquecer a refeição. E a carne deve estar sempre bem cozida para evitar contaminação bacteriana.

 

Legumes de baixa caloria

 

Abobrinha, chuchu e brócolis são ótimos para a saúde. Eles fornecem fibras, vitaminas e minerais, auxiliando no trânsito intestinal e na saciedade, além de serem de baixa caloria. O cozimento a vapor é o mais indicado para preservar nutrientes.

 

Sachês de baixa caloria

 

Os sachês desenvolvidos para cães, especialmente de linhas light ou específicos para controle de peso, são excelentes dentro da estratégia de mix feeding. Eles aumentam a ingestão de água e tornam a refeição mais atrativa, sem prejudicar o equilíbrio calórico.

 

Pode misturar petisco na ração?

 

Muitos tutores perguntam se pode misturar petisco na ração. A resposta é: pode, mas com cautela. Petiscos industrializados devem ser formulados para cães, com baixa caloria e sódio. Se usados em excesso, podem ultrapassar o limite calórico diário e comprometer o equilíbrio da dieta.

Por isso, o ideal é reservar os petiscos para momentos de adestramento ou como recompensa, e não como parte frequente das refeições.

 

Ingredientes que devem ser evitados e o porquê

 

Além das opções seguras, existem alimentos que devemos evitar. Eles podem até parecer inofensivos, mas prejudicam a saúde canina:

• Queijos amarelos: são ricos em gordura e sódio, podendo causar obesidade, hipertensão e problemas gastrointestinais.
• Carnes gordurosas ou frituras: o excesso de gordura pode provocar pancreatite, uma inflamação dolorosa e perigosa no pâncreas. Ah, e isso vale para o churrasco!rs
• Alimentos com molhos ou condimentos: ingredientes como alho, cebola e sal são tóxicos para cães e prejudicam rins e fígado.
• Restos de comida da família: além de não atenderem às necessidades nutricionais, podem conter temperos e gorduras prejudiciais.

 

Ingredientes proibidos para cães e os riscos

 

Se temos que evitar alguns, há uma listinha negra de alimentos que são verdadeiramente tóxicos e devemos excluir completamente dieta dos peludos:

• Chocolate: contém teobromina, substância que pode causar alterações cardíacas, tremores e até morte.
• Cebola e alho: possuem compostos que destroem glóbulos vermelhos, levando à anemia.
• Uvas e uvas-passas: estão associadas a insuficiência renal aguda, mesmo em pequenas quantidades.
• Café e chá: ricos em cafeína, podem provocar arritmias, tremores e convulsões.
• Abacate: contém persina, tóxica para cães, causando vômitos e problemas gastrointestinais.
• Adoçantes artificiais (como xilitol): extremamente perigosos, podem levar a hipoglicemia severa e falência hepática.

De acordo com a ASPCA (2023), esses alimentos representam risco de intoxicações graves, e a ingestão acidental é uma emergência veterinária.

 

Quando procurar um veterinário nutricionista

 

Cada cão é único, com necessidades específicas de acordo com idade, porte, nível de atividade e possíveis doenças. Por isso, antes de decidir o que misturar na ração para o cachorro comer, o ideal é consultar um veterinário nutricionista.

Esse profissional avalia o histórico clínico do pet, calcula a quantidade calórica correta e indica alimentos seguros para complementar a dieta. Na SOS Peludos, o tutor pode marcar essa consulta de forma prática pelo WhatsApp e garantir que a nutrição do pet esteja sempre equilibrada e saudável.

Compreender o que misturar na ração para o cachorro comer é muito mais do que deixar a refeição saborosa. É garantir que cada escolha alimentar seja segura, nutritiva e adaptada às necessidades individuais do cão. As opções corretas podem trazer benefícios, mas  não se deve substimar os riscos dos ingredientes perigosos.

 

Fontes:

• CASE, L.P. et al. Canine and Feline Nutrition: A Resource for Companion Animal Professionals. 3rd ed. Mosby, 2011.
• WSAVA – Global Nutrition Committee Guidelines, 2022.
• FEDIAF – Nutritional Guidelines for Complete and Complementary Pet Food for Cats and Dogs, 2020.
• ASPCA – Animal Poison Control Center. Toxic and Non-Toxic Plants List, 2023.