
Olho seco em cães: como identificar, tratar e proteger
Já sentiu a sensação de areia nos olhos, uma ardência constante e a dificuldade de manter os olhos abertos? Agora pense no seu cãozinho enfrentando isso todos os dias, sem conseguir expressar o incômodo com palavras. O olho seco em cães, também chamado de ceratoconjuntivite seca (CCS), é uma condição ocular que pode causar dor, danos permanentes à córnea e até a perda de visão, se não for diagnosticada e tratada corretamente.
Neste artigo, você vai entender a fundo o que é essa doença, quais os sinais que indicam que seu cão pode estar sofrendo com ela, o que causa essa condição, se há raças mais afetadas, como é feito o diagnóstico, o tratamento mais eficaz e, principalmente, o que você pode fazer para evitar o sofrimento do seu melhor amigo.
O que é a síndrome do olho seco em cachorro?
A síndrome do olho seco em cachorro, ou ceratoconjuntivite seca (CCS), é uma doença crônica e progressiva, caracterizada pela produção insuficiente ou ausente de lágrimas. As lágrimas não servem apenas para “molhar” os olhos — elas são fundamentais para manter a saúde da córnea, nutrir os tecidos oculares e formar uma barreira protetora contra bactérias e corpos estranhos.
Imagine a córnea como uma janela de vidro fina e delicada. Sem a lubrificação adequada, essa “janela” começa a ressecar, rachar e ficar opaca, o que gera dor e afeta seriamente a visão do cão. Além disso, segundo Williams (2004), a CCS é responsável por até 20% das doenças oculares diagnosticadas em cães em clínicas oftalmológicas veterinárias.
Essa condição é mais comum do que se pensa e, muitas vezes, é confundida com conjuntivites ou alergias oculares. No entanto, diferentemente dessas doenças, a CCS tende a ser crônica, exigindo tratamento contínuo por toda a vida.
Sintomas de olho seco em cães: como identificar os sinais?
Os sintomas de olho seco em cães podem variar desde sinais leves até quadros muito graves. Em geral, o tutor começa a notar alterações no comportamento do pet: ele coça os olhos com frequência, pisca demais, evita a luz forte e apresenta secreções nos olhos. Mas vamos entender melhor o que cada sintoma representa:
- Olhos vermelhos e inflamados: a falta de lubrificação leva a uma inflamação constante na conjuntiva e na córnea, deixando os olhos avermelhados.
- Secreção espessa, amarelada ou esbranquiçada: ao contrário das lágrimas normais (claras e aquosas), a CCS produz uma secreção mais densa, como um muco. Isso acontece porque o componente aquoso da lágrima está ausente, sobrando apenas a parte oleosa e mucosa.
- Piscadas frequentes e olhos semicerrados: a dor e a sensação de ressecamento fazem o cão piscar repetidamente ou manter os olhos apenas parcialmente abertos.
- Córnea opaca, pigmentada ou com vasos visíveis: com o tempo, a córnea pode perder sua transparência, ficando acinzentada ou marrom. Isso prejudica a visão e indica que a CCS está avançando.
- Feridas na córnea (úlceras): sem proteção, a córnea pode ser lesionada facilmente. Úlceras são dolorosas e podem levar à perda de visão.
- Mudança de comportamento: o cão pode ficar mais quieto, irritado ou até agressivo, em função do desconforto ocular constante.
O grande problema é que muitos desses sinais evoluem lentamente. Por isso, o tutor precisa estar atento a qualquer mudança nos olhos ou no comportamento do pet.
Causas do olho seco em cães: o que leva à CCS?
Vários fatores podem levar ao desenvolvimento da ceratoconjuntivite seca. Mas a principal causa, segundo Gelatt (2013), é a resposta autoimune, na qual o próprio sistema imunológico do cão ataca as glândulas lacrimais, reduzindo ou eliminando sua capacidade de produzir lágrimas.
Todavia, outras causas importantes incluem:
- Doenças virais, como a cinomose, que pode danificar permanentemente as glândulas lacrimais.
- Uso prolongado de medicamentos, especialmente antibióticos, que podem ser tóxicos para o tecido lacrimal.
- Traumas, cirurgias ou inflamações severas nas glândulas responsáveis pela produção de lágrimas.
- Doenças endócrinas, como o hipotireoidismo e a síndrome de Cushing, que afetam o metabolismo e a função glandular.
- Envelhecimento, pois cães idosos tendem a ter menor produção lacrimal.
- Predisposição genética: algumas raças têm maior propensão ao olho seco. Isso porque o formato dos olhos, o volume das glândulas ou características imunológicas facilitam o surgimento da doença.
Entre as raças com maior risco, estão: Cocker Spaniel, Shih Tzu, Lhasa Apso, Pug, Bulldog Inglês, Yorkshire Terrier e West Highland White Terrier.
Como é feito o diagnóstico do olho seco em cães?
O diagnóstico não deve ser feito com base apenas nos sintomas visíveis. Entretanto, é fundamental que o veterinário faça exames específicos. Entre eles, o principal teste utilizado é o teste de Schirmer, que consiste em colocar uma pequena fita de papel absorvente entre a pálpebra inferior e o olho do animal, por cerca de um minuto.
Essa fita absorve as lágrimas, e a quantidade é medida em milímetros. Em cães saudáveis, espera-se uma produção acima de 15 mm por minuto. Enquanto valores abaixo de 10 mm já são indicativos de CCS.
Outros exames, como a coloração com fluoresceína, são importantes para detectar úlceras e avaliar a integridade da córnea. Também podem ser feitos exames de cultura da secreção, caso haja suspeita de infecção secundária.
Tratamento: o que fazer quando o cão tem olho seco?
O tratamento do olho seco em cães tem como objetivo restaurar a lubrificação do olho, controlar a inflamação e prevenir complicações. Veja alguns caminhos possíveis:
- Colírios imunomoduladores são os pilares do tratamento. Eles atuam diretamente no sistema imunológico, reduzindo a inflamação nas glândulas lacrimais e estimulando a produção de lágrimas. Esses colírios devem ser usados continuamente, muitas vezes por toda a vida do animal.
- Lágrimas artificiais são importantes para manter o olho hidratado, especialmente nos casos mais graves ou enquanto os colírios imunossupressores ainda não fizeram efeito.
- Antibióticos oftálmicos podem ser necessários se houver infecção secundária, o que é comum quando a córnea está lesionada.
- Anti-inflamatórios, em casos com dor ou inflamação mais severa, ajudam no conforto ocular.
- Cirurgia: quando o tratamento clínico não é suficiente, há a possibilidade da transposição do ducto parotídeo, procedimento que redireciona o fluxo da saliva para o olho, substituindo parcialmente a função da lágrima.
O plano de tratamento deve ser individualizado e acompanhado de perto por um veterinário, preferencialmente com especialização em oftalmologia. Mas não se preocupe, você pode marcar a consulta com oftalmologista veterinário aqui na SOS Peludos pelo nosso whatsapp!
Colírio para cachorro com olho seco: qual é o mais indicado?
Não existe um colírio único para todos os casos. Isso porque o melhor colírio para cachorro com olho seco depende da causa, da severidade e da resposta do organismo ao tratamento. Portanto, oferecer uma medicação por conta própria pode piorar a saúde ocular do seu cachorro, gerando mais dor, complicações e aumentando gastos futuros.
Por isso, se perceber os sinais clínicos no seu cão, traga-o para consulta aqui na SOS Peludos para que o veterinário possa examinar, entender o caso e orientar para um tratamento eficaz para o caso específico do seu peludo, ok?
Como evitar olho seco em cães?
Prevenir a CCS nem sempre é possível, mas algumas atitudes podem reduzir bastante os riscos:
- Vacinação em dia: previne doenças como a cinomose, que pode danificar glândulas lacrimais.
- Evitar medicamentos tóxicos para os olhos, especialmente sulfas, sem prescrição.
- Proteção durante passeios: se o cão anda de carro com a cabeça para fora da janela, a exposição constante ao vento pode ressecar os olhos. Para isso existem lubrificantes hidratantes para os olhos que colaboram muito para proteção.
- Higiene ocular regular, com produtos apropriados ou soro fisiológico.
- Check-ups oftalmológicos em raças predispostas ou em cães idosos.
- Nutrição equilibrada e acompanhamento de doenças sistêmicas, como diabetes ou hipotireoidismo, que também impactam a saúde ocular.
Quando procurar o veterinário?
O ideal é não esperar os sintomas piorarem. Notou secreção constante, vermelhidão, coceira, olhos opacos ou o cão piscando em excesso? Então procure imediatamente um veterinário.
Na SOS Peludos, contamos com profissionais especializados em oftalmologia e atendimento 24 horas para emergências. Portanto, se precisar, estamos prontos para cuidar da visão do seu melhor amigo com carinho, tecnologia e conhecimento.
O olho seco em cães é mais do que um desconforto passageiro, é uma condição séria, que exige atenção, cuidado contínuo e orientação especializada. Mas com diagnóstico precoce, tratamento adequado e acompanhamento, a maioria dos cães pode viver bem, enxergando o mundo com saúde e alegria.
Na dúvida, confie em quem entende de amor animal. E para isso a SOS Peludos está aqui para cuidar da saúde ocular do seu pet, 24 horas por dia.
Fontes:
- Williams DL. “Management of canine keratoconjunctivitis sicca”. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 2004.
- Hartley C et al. “Canine keratoconjunctivitis sicca: diagnosis and treatment”. Veterinary Ophthalmology, 2005.
- Gelatt KN. “Veterinary Ophthalmology”. 5ª edição, Wiley-Blackwell, 2013.