A tartaruga tigre d’água é um dos répteis mais carismáticos e populares entre os animais exóticos criados como pet. Seu visual chamativo, a longevidade e os hábitos tranquilos encantam tutores de todas as idades. No entanto, antes de adotar essa companheira de casco, é essencial entender suas necessidades e como oferecer a ela uma vida digna, saudável e compatível com seu comportamento natural.

Neste guia, você vai descobrir:

• As principais características da tartaruga tigre d’água;
• Como montar um ambiente ideal para ela viver bem;
• O que ela come e quais cuidados garantir;
• Se a tartaruga tigre d’água pode ficar fora da água e se hiberna;
• Onde comprar legalmente esse animal de forma responsável;
• Curiosidades que vão mudar sua forma de ver essa espécie.

Prepare-se para mergulhar no mundo da tartaruga tigre d’água.

 

Conhecendo a Tartaruga Tigre d’Água

 

A tartaruga tigre d’água, ou Trachemys dorbigni, é nativa do sul do Brasil e de países vizinhos como Argentina, Paraguai e Uruguai. Seu nome popular vem das listras amarelas que lembram o padrão de um tigre, marcando sua cabeça e carapaça.

Esse padrão, aliás, não é apenas estético. Isso porque, na natureza, ele ajuda a tartaruga a se camuflar entre pedras, folhas e galhos submersos — um mecanismo de defesa essencial para escapar de predadores.

Embora seja pequena ao nascer, essa espécie pode atingir até 25 cm de comprimento e viver de 20 a 30 anos em cativeiro, se bem cuidada. Isso significa que estamos falando de um compromisso de duas a três décadas com seu bem-estar.

Outra característica interessante é que, apesar de viver em ambientes aquáticos, a tartaruga tigre d’água precisa acessar superfícies secas para regular sua temperatura e absorver luz solar, comportamento típico de animais semi-aquáticos.

 

Perfil do Tutor Ideal

 

Escolher uma tartaruga tigre d’água como animal de estimação é diferente de escolher um cachorro ou gato. Ela é silenciosa, tranquila e exige pouco contato físico, o que a torna perfeita para pessoas que apreciam observar comportamentos naturais, têm paciência e gostam de montar habitats enriquecidos.

No entanto, ela não gosta de ser manipulada com frequência. Por isso, se a ideia é ter um animal para colo e carinho, essa talvez não seja a escolha mais adequada. Ademais, crianças pequenas também devem ser orientadas a respeitar o espaço da tartaruga, que pode se estressar facilmente com movimentos bruscos.

 

Como Alimentar sua Tartaruga Tigre d’Água

 

A alimentação da tartaruga tigre d’água muda com o tempo. Enquanto filhotes têm uma dieta majoritariamente carnívora, com o passar dos anos tornam-se onívoras, aceitando vegetais e frutas.

A base da dieta deve incluir:

• Ração específica para tartarugas aquáticas, rica em cálcio e vitamina D3;
• Pequenos insetos vivos, como grilos e tenébrios (ótimos para estimular o comportamento natural);
• Peixes pequenos, como lebistes;
• Verduras como alface americana, couve e escarola (espinafre com moderação);
• Frutas como maçã e mamão, oferecidas ocasionalmente.

Evite alimentos industrializados, ricos em gordura ou temperos. E lembre-se: o excesso de proteína em adultos pode levar à deformação da carapaça, uma condição chamada “piramidação”.

Conforme aponta o Manual of Exotic Pet Practice (Mitchell & Tully, 2008), a deficiência de vitamina A é uma das principais causas de doenças em tartarugas aquáticas — por isso, a variedade e o equilíbrio são essenciais.

 

Montando o Habitat Ideal

 

Para manter sua tartaruga saudável, o aquaterrário precisa oferecer espaço, temperatura e iluminação adequados. A estrutura ideal inclui:

• Aquaterrário com pelo menos 100 litros para uma tartaruga jovem;
• Termostato e aquecedor submerso para manter a água entre 26°C e 30°C;
• Lâmpada UVB 5.0 (acionada diariamente por 10 a 12 horas);
• Lâmpada de aquecimento direcionada para a ilha seca (zona de basking);
• Filtro potente para manter a qualidade da água;
• Substrato próprio ou fundo liso, evitando ingestão acidental de cascalho.

Além do ambiente físico, lembre-se da importância das visitas regulares ao veterinário. Na SOS Peludos, temos equipe é especializada em animais silvestres e pode orientar você desde a montagem do habitat até o acompanhamento preventivo.

 

Doenças Mais Comuns

 

Mesmo com todos os cuidados, a tartaruga tigre d’água pode adoecer, sendo as doenças mais comuns:

• Doenças respiratórias: causadas por água fria, ambientes úmidos e falta de aquecimento;
• Hipovitaminose A: olhos inchados, secreção e falta de apetite;
• Micoses: manchas brancas ou descamação na carapaça;
• Pododermatites: lesões nas patas por substrato inadequado ou falta de higiene.

Prevenir é sempre melhor do que remediar. Ambientes limpos, alimentação adequada e acompanhamento veterinário são fundamentais para evitar complicações.

 

Onde Comprar uma Tartaruga Tigre d’Água Legalmente?

 

Se você se encantou por essa espécie, saiba que só é possível adquirir uma tartaruga tigre d’água legalmente em criadouros licenciados pelo IBAMA. Essa medida combate o tráfico de animais silvestres e garante que o pet tenha origem segura e responsável.

Jamais compre em feiras clandestinas, com vendedores ambulantes ou pela internet sem verificar a procedência. Além de crime ambiental, isso expõe você a riscos sanitários e legais. Para consultar a lista de criadouros autorizados, acesse o site oficial do IBAMA: https://www.gov.br/ibama..

 

Curiosidades Sobre a Tartaruga Tigre d’Água

 

• Elas reconhecem seus tutores e podem nadar até o vidro do aquário ao perceberem aproximação;
• Conseguem prender a respiração por mais de 30 minutos durante o mergulho;
• Possuem visão colorida, o que as ajuda a escolher alimentos no ambiente natural;
• Sua carapaça, embora rígida, é sensível ao toque e cheia de terminações nervosas.

 

Tartaruga Tigre d’Água Pode Ficar Fora da Água?

 

Sim, pode — mas com responsabilidade. A tartaruga tigre d’água é um animal semi-aquático, ou seja, precisa tanto da água para nadar quanto de uma área seca para se aquecer. No ambiente natural, ela sobe em pedras ou troncos para “tomar sol”. Em casa, você deve reproduzir essa área com uma ilha aquecida.

Esse espaço seco é vital para que ela regule sua temperatura corporal. Além disso, o contato com luz UVB estimula a síntese de vitamina D3, essencial para a absorção de cálcio e a saúde da carapaça.

Sem esse cuidado, a tartaruga pode desenvolver doenças ósseas, infecções e até ficar apática. Por isso, a resposta correta é: ela deve ficar parcialmente fora da água, de forma segura e supervisionada, como parte do seu dia a dia no aquaterrário.

 

Tartaruga Tigre d’Água Hiberna?

 

Essa é uma dúvida comum entre tutores iniciantes. E sim, a tartaruga tigre d’água pode entrar em hibernação, especialmente em regiões mais frias ou em ambientes sem controle térmico.

Durante a hibernação, o metabolismo da tartaruga desacelera drasticamente. Ela para de comer, se movimenta pouco e pode permanecer submersa por longos períodos. Mas atenção: isso só deve ocorrer em condições controladas. Hibernações inesperadas em cativeiro podem indicar problemas, como queda de temperatura ou doenças respiratórias.

De acordo com estudos sobre quelônios em cativeiro, muitos tutores confundem letargia por hipotermia com hibernação verdadeira — o que pode atrasar o diagnóstico de doenças.

Por isso, em regiões com invernos rigorosos, é essencial aquecer a água e manter a temperatura do terrário entre 26ºC e 30ºC, evitando riscos à saúde da sua tartaruga de estimação.

 

Ter uma tartaruga tigre d’água é abraçar o compromisso de cuidar com carinho e conhecimento de um ser que vive por décadas. Muito além de um enfeite de aquário, ela é um animal inteligente, sensível e cheio de particularidades.

Com os cuidados certos, o ambiente ideal e acompanhamento veterinário especializado, sua tartaruga pode se tornar uma companheira silenciosa e encantadora por muitos anos.

Na SOS Peludos, temos paixão por cada vida. Se quiser saber mais sobre como começar essa jornada, conte com a gente.

 

Fontes:

• Mitchell, M. A., & Tully, T. N. (2008). Manual of Exotic Pet Practice. Saunders Elsevier.
• IBAMA – Lista de criadouros autorizados: https://www.gov.br/ibama
• Herpetological Review, Volume 35(4), 2004: Ecological aspects of Trachemys dorbigni in southern Brazil.